Quando dançam, os seres humanos por vezes transportam-se para o reino do sobrenatural. A música e o movimento combinados fundem o corpo e a mente elevando-os a um estado superior. Este êxtase liberta-se, estende-se profundamente na dimensão interior da pessoa, unindo-a ao universo.
Por vezes, os coreógrafos no ato de criação conseguem produzir no espectador uma conexão com o sagrado, o esotérico, o desconhecido. Além da recriação e da arte, a dança torna-se um instrumento de consciência elevada, uma busca pelo significado último. A coreografia transporta-nos para além do observável, do experimentável e do conhecido.
Deliades – ninfas dançantes da ilha de Delos, na Grécia antiga. Devadasis – assistentes do templo preservando as tradições clássicas Bharatanatyam e Odissi na Índia. Dervixes Sufi – seguidores do poeta persa Rumi, com a sua dança rodopiante. Sacerdotes astecas “cantando com os pés” no México pré-hispânico. A espiritualidade sempre esteve presente na dança.
Atualmente, testemunhamos a rápida proliferação da dança litúrgica, especialmente nas Américas. A dança regressa como prática de culto, forma física de oração e expressão de devoção a Deus. Estão a ser formados milhares de clérigos-coreógrafos que passam a aplicar essa prática nas suas próprias congregações. Em alguns lugares, os centros dedicados a desse tipo de dança superam as escolas de dança convencionais.
O tema que propomos para o Dia Mundial da Dança e para eventos em 2019 é Dança e a Espiritualidade.
Com os meus melhores votos para o nosso dia,
Alkis Raftis, Presidente do Conselho Internacional de Dança | CID, UNESCO, Paris